O Popular-Goiânia-GO - 09/05/2001
Cerca de cem índios das aldeias Tembé e Caapor, no nordeste do Pará, invadiram ontem à tarde a sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) na capital paraense, tomando inicialmente 15 pessoas reféns. Os índios, que vivem nas reservas Alto Rio Guamá e Alto Rio Turuaçu localizados na divisa de Pará com Maranhão , exigem a presença do presidente da Funai, Glênio Alvarez, e do ministro José Serra (Saúde) para discutir problemas relacionados à invasão de suas terras e à falta de assistência médica.Eles reclamam da falta de assistência médica nas aldeias, invasões da reserva por madeireiros e colonos e ausência de providências das autoridades. Cansamos de pedir e ouvir sempre as mesmas respostas de que não há recursos para atender os indíos, afirmou o cacique Sérgio Muti Tembé.Queremos a presença de quem resolve a questão, reclamou o cacique. A Polícia Militar foi chamada para tentar libertar os reféns, mas isso irritou ainda mais os índios. Por favor, vão embora. Eles estão fazendo uma reivindicação pacífica, argumentou o coordenador da Funai no Pará, Frederico Oliveira.InvasõesSegundo Oliveira, há três anos o órgão não recebe dinheiro para a fiscalização da área. Os índios estimam que 60% dos 500 mil hectares das áreas já foram invadidos por madeireiros e agricultores. O coordenador da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) do Pará, Emanoel Patrício, disse que houve problemas no convênio com a Prefeitura de Paragominas, mas que já foi resolvido. A questão é que não conseguimos contratar médicos que atuem na área.Segundo os índios, não aparecem médicos na área há cerca de um ano. Muitas crianças estão doentes, com pneumonia, malária e outras doenças, disse Sérgio Muxi Tembé. Apesar de reféns, não havia um clima hostil no local. Patrício e Oliveira tiveram os rostos pintados de vermelho e preto.Segundo o líder indígena Petrônio Caapor, a pintura mostra que eles são amigos que estão ajudando os índios nos seus problemas. À tarde, o procurador da República Felício Pontes Júnior foi chamado para negociar com os índios.No início da noite, os índios libertaram nove reféns, mas anunciaram que iriam passar a madrugada de hoje dentro da sede do órgão com outros seis funcionários, dois deles da Fundação Nacional de Saúde (Funasa). Só sairemos daqui depois de ter nossas reivindicações atendidas, disse Muti.
PIB:Sudeste do Pará
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- TI Alto Rio Guamá
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