A "Operação Piriá", realizada durante 14 dias na parte invadida da Reserva Alto Rio Guamá mostrou uma imensa plantação de maconha. Há indícios de outras plantações.
Durante uma operação de reconhecimento e levantamento na Reserva Indígena Alto Rio Guamá, na calha do rio Coaraci-Paraná, no município de Nova Esperança do Piriá, a 280 quilômetros de Belém, foram encontrados 30 mil pés de maconha, em oito hectares de terra. As plantações foram arrancadas e queimadas. Nenhum traficante foi preso, mas três homens foram detidos por crime ambiental e nove armas de caça apreendidas. Os barracos usados como ponto de apoio pelos plantadores também foram destruídos.
Com a chegada dos quatro técnicos da Funai, dos três agentes federais, sob o comando do delegado Jorge Vinicius Gobira Nunes, de dois oficiais e 45 praças do Exército, além de um sargento do Batalhão de Polícia Ambiental Militar do Pará, os plantadores escaparam pelo meio da mata. Os militares que participaram da operação e os técnicos da Funai suspeitam que há grandes plantações de maconha na reserva, com dimensões ainda desconhecidas. A ação sigilosa, chamada de 'Operação Piriá', aconteceu na parte invadida da reserva, entre os dias 26 de março e 8 deste mês. A reserva tem 278 mil hectares, e abrange parte dos municípios de Santa Luzia do Pará, Nova Esperança do Piriá e Paragominas.
'Foi a operação de melhores resultados que já tivemos até agora, porque também contou com a participação do Exército, cujos soldados são treinados para atuar na selva. A ação só não teve um alcance maior porque a área (calha do rio Coaraci-Paraná) é de difícil acesso e a equipe não dispunha de helicóptero', revela o administrador da Funai em Belém, Moacir Melo.
Além das plantanções de maconha, foram encontradas várias áreas de floresta destruída por madeireiros que invadiram a reserva. Segundo o tenente do exército, Jonatas Monteiro, na parte ao norte do rio Coaraci-Paraná, que divide a área, está a maioria dos desmatamentos ilegais. Ele afirmou também que dentro da reserva foram localizadas até fazendas de criação de gado, pequenas criações e várias plantações de roça.
Para localizar os 30 mil pés de maconha a equipe que participou da missão teve muito trabalho. Foi necessário contruir uma 'balsa' de embaúba, com 3,5m de comprimento por 1,5m de largura, para que parte da equipe pudesse descer o rio Coaraci-Paraná e fazer contato com a base pelo rádio-transmissor. 'Era a única alternativa que tínhamos. Quase a balsa vai para o fundo, mas terminou dando tudo certo', disse Dílson Cavalcante, técnico da Funai.
A equipe que participou da 'Operação Piriá' também constatou que a maioria dos moradores da Vila de Marajupema, localizada no município de Cachoeira do Piriá, na região do Gurupi, na fronteira com o Maranhão, que faz limite com a Reserva Alto Rio Guamá, sobrevive do plantio de maconha na terra habitada pelos índios tembé.
'Eles plantaram maconha na reserva (Alto Rio Guamá) para driblar a fiscalização, mas foram pegos de surpresa nesta missão para encontrar ilícitos ambientais na reserva. Temos informações seguras de que o alcance do plantio de maconha é muito maior do que imaginávamos', confirma Antônio Abrahão, que integra o Serviço de Patrimônio e Meio Ambiente da Funai e participou da operação.
A Funai entende que, para acabar com o plantio de maconha, invasão, tráfico de animais silvestres e retirada de madeira da Reserva Alto Rio Guamá, vai precisar da ajuda dos órgãos que participaram da 'Operação Piriá' (Polícia Federal, Exército e Batalhão Ambiental da PM), além do Ibama e de outros órgãos ligados à questão ambiental que estejam dispostos a colaborar. 'Para pôr fim nesses ilícitos ambientais, a ação conjunta com esses órgãos será vital para a Funai. Eles foram muito eficientes nesta missão', constata o administrador da Funai. Moacir Melo diz que a Funai 'não vai sossegar enquanto não acabar com esses problemas, para que os índios tembé tenham paz na terra que habitam'.
PIB:Sudeste do Pará
Áreas Protegidas Relacionadas
- TI Alto Rio Guamá
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.