CB, Economia, p. 17 - 20/10/2006
Índios deixam Carajás
Xicrins liberam mina da Vale do Rio Doce após promessa da Funai de que empresa negociará o reajuste do repasse anual semana que vem
Mariana Flores
Da equipe do Correio
Dois dias após bloquearem a mina de ferro de Carajás pertencente à Companhia Vale do Rio Doce em Parauapebas, no sudeste do Pará, os índios da Terra Indígena Xicrin começaram a deixar a empresa ontem. A desocupação, no entanto, não garante o fim do impasse. Os índios deixaram a mina com a promessa feita pela Fundação Nacional do Índio (Funai) de que poderiam se reunir para negociar com a Vale na próxima semana.
A companhia, no entanto, não confirma sua participação na reunião prometida para o dia 26 pela Funai. E garante que não vai renegociar o valor repassado anualmente para a tribo por explorar o minério na região e passar com seus vagões pela ferrovia de Carajás, que corta a reserva indígena - os Xicrins reivindicam um reajuste no valor pago neste ano, R$ 9 milhões. A CVRD reafirma que vem cumprindo integralmente o acordo assinado com as comunidades indígenas daquela região, informou, em nota. Segundo o documento, a Vale não aceita negociar com comunidades que utilizem meios ilegais para forçar a companhia a aceitar suas exigências.
A Funai critica a posição da empresa. Segundo o presidente do órgão, Mércio Pereira Gomes, a Vale está descumprindo um acordo firmado em julho com os Xicrins, quando se comprometeu a renegociar o valor até o dia 9 de setembro deste ano. Assim como a Vale tem contratos com seus clientes e fornecedores espero que cumpra esse com os índios, afirma. E ameaça recorrer à Justiça para obrigar a companhia a negociar. Se a negociação não der certo vamos acionar judicialmente a Vale para que cumpra o acordo, avisa o procurador-geral da Funai, Luiz Fernando Villares. Por meio de sua assessoria de comunicação, a Vale informou que desconhece a cláusula do contrato que prevê a renegociação para o valor pago este ano. E jogou a responsabilidade de negociar com os índios para a Funai.
Os Xicrins ocuparam as instalações da Vale na terça-feira à tarde, impedindo a saída dos funcionários, mesmo com a decisão judicial de reintegração de posse em favor da Vale concedida na noite do mesmo dia. O protesto deixou 12 mil funcionários paralisados e 500 mil toneladas de minério de ferro deixaram de ser exportadas. Além do reajuste do recurso, eles também exigem a construção de 40 casas na comunidade Cateté e 20 casas na Djudjeko, recuperação e manutenção das estradas de acesso às duas aldeias.
COMPRA BILIONÁRIA
A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) anunciou ter obtido a aprovação necessária das autoridades canadenses para a compra da mineradora de níquel Inco, conforme o Investment Canada Act. Dessa forma, a empresa brasileira já obteve todas as aprovações regulatórias necessárias para concluir sua oferta de aquisição da Inco com pagamento à vista, diz o comunicado. Ressalta, contudo que a data para a conclusão da oferta continua sendo o dia 23, à meia-noite (horário de Toronto, 21h pelo horário de Brasília). A Vale ofereceu comprar todas as ações da Inco por cerca de US$ 17,5 bilhões, no que será o maior negócio envolvendo uma empresa brasileira.
CB, 20/10/2006, Economia, p. 17
PIB:Sudeste do Pará
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