Expedição encontra Índio do Buraco

Agência Amazônia - 21/09/2006
Galhos quebrados, uma derrubada em torno de 200m², uma armadilha para caça e uma casa com um buraco de imensões já tradicionais indicam que o último remanescente de uma etnia desconhecida que perambula pelo oeste de Rondônia, próximo a Corumbiara, chamado de Índio do Buraco está vivo e continua a trabalhar. Esta é a conclusão do chefe da Frente de Proteção Etno-Ambiental do Rio Guaporé, Altair Algayer, que comandou uma busca na região para obter
informações sobre este índio isolado.

A equipe o encontrou numa área de mata sob interdição judicial com aproximadamente 5 mil hectares, localizada em entre diversas grandes fazendas. A distância localizadas entre casa, roça e a força que precisou ser empregada para o corte de árvores grandes significam que ele está bem de saúde e trabalhando para sua sobrevivência.

A história desse índio começou em 1997 quando funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) o encontraram. O encontro confirmou a existência dessa etnia cuja característica é um buraco - com um metro de comprimento, meio de
largura e mais de três metros de profundidade - encontrado dentro de suas casas. Essa marca identificou a etnia que foi dizimada por fazendeiros nos anos 80 e 90.

Sobreviventes de massacre

Ele seria um sobrevivente de dois massacres sucessivos - o primeiro, um envenenamento ocorrido por volta de 1985 e em 1996, onde foram encontrados cartuchos de bala e restos de uma aldeia sob marcas da rodas de tratores. Embora
nunca comprovadas, as suposições ganham força e há vestígios de uma ocupação antiga na sua área de perambulação.

A Coordenação Geral de Índios Isolados está realizando expedições para saber o grau de proteção etnoambiental das áreas onde há referências da existência de grupos indígenas que não mantém contato com a sociedade envolvente. Estima-se em 60 locais diferentes em todo o país. Essa expedição comandada por Altair Algaver reúne novos funcionários contratados através do convênio com o Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Leonardo Lênin, Valdomiro de Almeida e Sulamita Setúbal e teve a contribuição do índio Samuel Aykana que habita a terra indígena Tubarão, próximo da área onde foi realizada a expedição.

Algayer contou que no último encontro desse índio com uma expedição da Funai, em novembro do ano passado, um dos integrantes foi flechado no peito pelo índio, o que seria uma reação à memória dos massacres provocados pelo "branco"
contra seu povo. O fato de ele ser encontrado com saúde é para Algaver um alento, pois a partir de agora sua perambulação será monitorada a viver de acordo com a sua cultura, em seu território".

Índios isolados

Seis frentes de proteção etno-ambiental trabalham em uma área de aproximadamente 14 milhões de hectares realizando ações de localização, proteção, vigilância e fiscalização para preservar grupos indígenas ainda não contatados. A coordenação é do indigenista Marcelo dos Santos, que em 1997, comprovou em campo, a existência do "índio do buraco", além de ter feito os primeiros contatos e salvo da exterminação outros grupos indígenas da região, como os Akunt'su e os Kanoê.
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