Os Guarani-Kaiowá aguardam para enterrar senhora assassinada no local da morte

Cimi - Informe n° 748: - 11/01/2007
Os Guarani-Kaiowá que estavam na retomada na região de Amambaí, Mato Grosso do Sul, aguardam decisão judicial para enterrar Kuretê Lopes no Tekoha (terra de ocupação tradicional) Kurusu Ambá, local onde ela foi assassinada. Aos 70 anos, Kurutê foi morta com um tiro no peito durante a retirada violenta dos indígenas, feita por agentes de segurança privados contratados por fazendeiros. Uma fazenda, chamada Madama, havia sido retomada na sexta-feira, 6 de janeiro. A retomada foi encerrada com a retirada forçada dos indígenas, que resultou na morte e no ferimento de outro indígena a bala.



O pedido de liminar para autorização do sepultamento no local da morte será encaminhado hoje pelo procurador Dr. Charles Pessoa, do Ministério Público Federal em Dourados. A decisão caberá ao Juiz Federal de Ponta Porã, pois o Delegado da Policia Federal que preside o inquérito sobre o caso não autorizou o sepultamento no local, temendo novos conflitos.

A Polícia Federal em Ponta Porá instaurou inquérito para apurar a morte e as lesões corporais. Na quarta-feira, três pessoas da empresa de segurança contratada pelos fazendeiros foram intimadas a prestar declarações na próxima sexta-feira, 12, na Policia Federal de Ponta Porá, segundo informação do delegado Fresneda, que acompanha o caso.

O delegado afirma que estão sendo apuradas informações de que a retirada foi realizada por "jagunços e seguranças, muita gente fortemente armada"

Em reunião solicitada pelo deputado estadual Pedro Kemp (PT-MS), a chefia da Policia Federal no Mato Grosso do Sul afirmou estar trabalhando para identificar responsáveis e disse já ter indícios fortes sobre os autores. O deputado solicitou atenção especial à atuação das empresas de segurança privada contratadas por fazendeiros para defender as propriedades.

Justiça com as próprias mãos

Não havia pedido de reintegração de posse para a terra, o que faria com que uma possível retirada dos indígenas fosse realizada por determinação judicial e através da polícia.

O assassinato aumenta a lista dos Guarani mortos nos últimos anos por empresas de segurança particulares contratadas por fazendeiros e por jagunços. Entre os casos, estão a morte de Dorvalino Rocha, assassinado no dia 24 de dezembro de 2005 por homem contratado por uma empresa de segurança, em Ñanderu Marangatu, e de Dorival Benitez, morto por pistoleiros também durante conflito em retomada de terras, em junho de 2006.
PIB:Mato Grosso do Sul

Áreas Protegidas Relacionadas

  • TI Taquaperi
  •  

    As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.