A Polícia Federal libertou ontem de manhã os três funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) que eram mantidos reféns desde domingo (13) por indígenas da etnia Tenharim na aldeia Estirão Grande, em Manicoré, a 330 quilômetros de Manaus. Ontem, por volta das 17h, dois deles - a nutricionista Camila Novolleto e o odontólogo Djalma Quirino - chegaram a Manaus. O terceiro refém, o patologista Silva Filho, permaneceu naquele município para resolver assuntos pessoais.
Camila Novoletto disse que passou momentos de muita tensão em poder dos índios. "Eles exigiam a presença do chefe de distrito Alcimar Pinheiro e da coordenadora técnica Adriana Katagima. Diziam que iríamos servir de isca e, caso não viessem logo, as coisas iam ficar feias para o nosso lado", contou.
A nutricionista informou que, no momento da abordagem, os índios estavam todos bêbados, diziam coisas sem sentido e ameaçavam amarrá-los. No dia seguinte, já sóbrios, diziam que exigiam a implantação de um posto fixo de saúde na aldeia, além de combustível e voadeiras. "Ano passado esses mesmos índios seqüestraram dessa mesma forma o chefe de distrito da época, Antonio Castro, que para poder sair de lá teve que prometer uma série de vantagens. Isso resultou na criação de um posto de saúde no local. Eles viram que ficaram impunes e agora acreditam que dessa forma podem conseguir o que quiserem", disse Camila.
O odontólogo Djalma Quirino disse ter passado momentos de violência psicológica enquanto estava na aldeia. Ele informou que era ameaçado e tinha muito medo do que podia acontecer.
Djalma diz ter medo de retornar ao local e que é necessário uma ação educativa junto às lideranças indígenas da região para que haja segurança ao funcionário que vai prestar esse tipo de serviço em aldeias. "Eles precisam entender que nós somos simples funcionários e que desta maneira eles não vão conseguir o que precisam. Pelo contrário, assim podem acabar criando uma situação de conflito", comentou.
De acordo com o coordenador da Funasa no Amazonas, Francisco Aires, a ação da Polícia Federal se deu de forma rápida e eficiente. "Eles chegaram por volta das 9h e dominaram a situação", contou.
No momento em que a PF chegou ao local, só estavam as mulheres e as crianças, pois os homens tinham ido até a cidade. No caminho, a polícia encontrou a canoa com alguns responsáveis pelo ato, que estavam armados, abordaram a embarcação e apreenderam as armas.
Francisco Aires informa que essa tribo possui lideranças indígenas que estão acostumados a ter atitudes como esta e que vai oficializar a denúncia junto à PF para exigir que os responsáveis sejam punidos criminalmente. "Nada justifica esse crime feito por bandidos que querem se passar por índios para obter benefícios do Governo Federal. Essa tribo não possui nenhum tipo de apelo cultural ou qualquer tipo de língua própria. São ribeirinhos que querem se fazer de índios para ter vantagens", disse.
PIB:Tapajós/Madeira
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