O cárcere privado dos três funcionários da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Camila Novolleto, Djalma Quirino e Silva Filho, ocorrido no último domingo (13), em Manicoré, a 330 quilômetros de Manaus, foi classificado pelas lideranças indígenas como um ato extremo para chamar a atenção para a saúde dos índios. Conforme representantes reunidos na capital, não houve seqüestro tal como propagado pela Funasa, mas sim uma tentativa de distorcer o foco principal, a precariedade no atendimento realizado nas áreas indígenas.
Entre os representantes vindos à capital para, conforme eles, desfazer os absurdos feitos pela Funasa, está Junior Tenharim, apontado como líder do movimento ocorrido na aldeia Estirão Grande, em Manicoré. Como forma de desfazer o mal-estar causado pelas declarações do coordenador da Funasa no Amazonas, Francisco Aires, de que não foram índios que mantiveram os funcionários presos, mas sim bandidos se passando por indígenas, as lideranças entrarão hoje com uma representação contra Aires no Ministério Público Estadual (MPE). Eles também cogitam a possibilidade de entrar com uma representação contra o órgão em Brasília.
De acordo com Junior Tenharim, os agentes de saúde contratados pela Funasa que deveriam atuar nas áreas indígenas passam mais tempo de folga em Manicoré do que atendendo as comunidades. Segundo ele, mesmo havendo cerca de R$ 300 mil de saldo residual de recursos para a saúde, existem muitos problemas quanto ao repasse desse dinheiro pela prefeitura daquele município. Os recursos, conforme as lideranças, deveriam ser aplicado na construção de uma casa de saúde em
Manicoré e na compra de equipamentos de transporte fluvial. "Nós prendemos a equipe da Funasa na comunidade para chamar a atenção para a nossa situação, sofrendo sem assistência médica. Várias vezes tentamos nos acertar com a Funasa, mas eles sempre nos empurravam para a prefeitura e nada era resolvido. Enquanto isso, além de casos de malária e tuberculose, seis mortes de crianças por desnutrição aconteceram entre o povo Mura-Pirahã. Era preciso que fizéssemos alguma coisa", falou.
PIB:Tapajós/Madeira
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