Líder indígena assassinado em MS - Movimentos farão ato em Campo Grande

mst.org.br - 13/07/2007
Ortiz Lopes, 46 anos, Kaiowá Guarani da terra indígena Kurusu Ambá em Coronel Sapucaia (MS), é a mais recente vítima do conflito no campo. Um genocídio silencioso que vem atingindo as comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul. No último dia 08, domingo, Ortiz Lopes foi morto com cinco tiros na porta de casa. O assassino e os mandantes até o momento não foram identificados.

O crime acontece pouco mais de seis meses depois do assassinato da rezadeira Xurete Lopes, 70 anos, da mesma comunidade. Ela foi morta a tiros por milícia armada na área onde está localizada a fazenda Madama. Somados, foram 21 guarani mortos este ano em MS, muitos deles por motivos relacionados diretamente à luta pela terra.

CMS-MS - Para sensibilizar a opinião pública, a Coordenação dos Movimentos Sociais do Estado realizará neste sábado um ato no Calçadão da Rua Barão do Rio Branco, em Campo Grande, a partir das 9 horas. A violência e a impunidade contra a comunidade indígena e a demora na demarcação das terras tradicionais também serão lembradas. Fazem parte da CMS: CUT, Fetems, CDDH, CIMI, CPT, MST, UCE, entre outras.

Na avaliação feita pelos movimentos, a mudança da base econômica do Estado com o aumento da área de plantio de cana-de-açúcar e maior ofensiva do agronegócio em Mato Grosso do Sul, caso o poder público não intervenha, tende a aumentar a criminalidade contra os que lutam por direitos humanos na região.

Ortiz Lopes participou em fevereiro de uma comissão de entidades de direitos humanos que protocolou junto ao Governo Estadual: secretário de Segurança, Wantuir Jacini, e de Assistência Social, Tânia Garib, solicitação de segurança para a área, já prevendo que a violência contra os indígenas continuaria. Em matéria veiculada pelo Jornal Correio do Estado do dia 09/07/07, ficou registrado que "em relação ao problema da violência nas aldeias, a Sejusp assumiu o compromisso de colocar policiais civis e militares nesses locais, em trabalho de colaboração com a Polícia Federal".

OAB-MS - Ontem, dia 12, a Comissão Especial de Assuntos Indígenas da Ordem dos Advogados do Brasil/MS, se reuniu em caráter extraordinário, na sede da entidade, para tratar do fato que culminou com na morte de Ortiz Lopes.

A reunião, convocada pelo vice-presidente Marcus Antonio Ruiz, analisou a situação existente no local, deliberando por uma visita ao local no próximo dia 17, terça-feira. O objetivo é constatar in loco a situação da qual vivem as 100 pessoas acampadas em Kurusu Ambá, próximo à fronteira com o Paraguai.

De acordo com a Comissão, em princípio, pelas informações até agora coletadas, está descartada a possibilidade de crime comum, por evidências de conseqüência da falta de solução da demarcação das terras indígenas.

Esta que é a primeira Comissão de Assuntos Indígenas da OAB em todo o Brasil pretende instaurar procedimento formal para acompanhar o caso passo a passo.

Rio Brilhante - No dia 09/07, os 122 participantes do Seminário Impactos Sociais Ambientais e Econômicos da Expansão nas Usinas de Cana-de-Açúcar, realizado em Rio Brilhante fizeram uma nota à opinião pública. A nota afirma que "em janeiro deste ano, Ortiz participou da retomada da fazenda Madama, onde a anciã Kuretê Lopes, 70 anos, foi assassinada a tiros por um grupo de pistoleiros armados. De lá pra cá, Ortiz havia sobrevivido a um atentado e vinha sofrendo várias ameaças de morte. Segundo as testemunhas o assassinato foi cometido em frente à casa da vítima".

"Negamos este modelo de morte, porque a partir de nossas vivências cotidianas sabemos que ele tem sido o principal responsável pela escravidão de trabalhadores rurais, pelas mortes de rios, florestas e fauna e o pelos assassinatos de Kuretê, Ortiz, Marçal, Dorvalino, Verón e tantos outros indígenas que reivindicaram a vida na terra. Ortiz morreu lutando, porque não queria ver seus parentes trabalhando como escravos nas usinas de álcool - o que acontece com a maioria dos homens adultos do povo Guarani Kaiowá.
PIB:Mato Grosso do Sul

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