Folha de Pernambuco - 14/08/2007
A venda e o consumo de bebidas alcoólicas são proibidos em áreas de reservas indígenas. Mas, de acordo com a Funai, a legislação nem de longe é seguida à risca no espaço habitado pelos Capinaua, em Buíque. O chefe do posto do órgão de proteção à etnia na cidade, Expedito Marsena Alves, adverte que é excessivo o consumo desse tipo de produto entre os moradores da tribo e alerta que a ingestão do álcool tem ajudado a provocar desentendimentos freqüentes no meio dos índios. "Uma busca feita pela Polícia Federal, hoje (ontem), depois do crime, encontrou mais de vinte garrafas de cachaça vazias em uma das casas. É muita bebida", admira-se. Os indígenas burlariam o limite legal, diz ele, ao comprar o líquido em feiras dos municípios circunvizinhos e transportá-lo para dentro da tribo em recipientes escondidos.
A fiscalização, acrescenta Marsena, é dificultada pela extensão da reserva e a quantidade de índios que nela residem. A Funai informou que são mais de seis mil pessoas alojadas em 23 aldeias. As moradias ocupam um terreno de 16 mil hectares que compreende áreas nos municípios de Tupanatinga, Buíque e Ibimirim. "Além disso, a área é de difícil acesso. Temos problemas em trabalhar. Procuramos fazer reuniões e conscientizá-los sobre os malefícios da bebida. Até religiosos são trazidos para ajudar. Mas uma minoria ignora isso", explicou o chefe do posto.
A estrutura da Funai também não colabora. Apenas seis funcionários estão escalados para atender à demanda de toda a tribo. Chega a faltar combustível para a única viatura de propriedade do órgão. "É impossível fiscalizar. Os índios se sentem à vontade para beber e farrar, seja em aniversários, batizados ou festinhas. Já registramos muitas confusões", lamenta Marsena. Diz ele, ainda, que a presença da Polícia Federal já foi solicitada diversas vezes. "Temos enviado ofícios há quatro anos, mas não conseguimos retorno", afirmou. A assessoria da PF não foi localizada pela Folha.
PIB:Nordeste
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