Os cerca de 120 índios da etnia enawene nawe continuam irredutíveis e só aceitam desbloquear a estrada de acesso ao rio Juruena, na cidade de Campos de Júlio (município localizado a 550 quilômetros da Capital) após ter o dinheiro no bolso. No rio estão sendo construídas cinco Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) pelo grupo Sidezal. Os índios querem receber a compensação financeira que a empresa responsável havia concordado em pagar a eles, embora as usinas estejam sendo construídas fora da reserva indígena.
O superintendente de Assuntos Indígenas de Mato Grosso, Rômulo Vandoni, participou da reunião e levou a proposta de uma reunião na próxima terça-feira em Cuiabá com os segmentos envolvidos - Ministério Público Federal, Funai e representantes da empresa. Ninguém informou o valor exigido pelos índios.
"O recurso exigido pelos índios está assegurado", garantiu o secretário chefe da Casa Militar, coronel Orestes Oliveira. Ele acrescentou que os enawene nawe querem o recurso diferenciado por etnia. Até o fechamento desta edição, os índios não aceitaram desbloquear a estrada. O movimento indígena começou na quinta-feira à tarde. Os índios estão armados com arcos e pedaços de pau, segundo a Funai.
Desde a intervenção indígena, os cerca de 500 operários que trabalham nas obras das PCHs não conseguem sair do local com o bloqueio da pista. Segundo tenente Mário Pereira, comandante da Companhia da Polícia Militar da cidade de Comodoro, o bloqueio impede que trabalhadores entrem com equipamentos usados na construção das usinas. "Ninguém entra, ninguém sai", informou por telefone.
Segundo os representantes indígenas, o acordo com a empresa foi assinado há uma semana. Como não houve o pagamento, resolveram bloquear a estrada para, então, continuar as negociações. Os índios querem receber, de imediato, o valor estipulado. Pelo acordo, a empresa entregaria o dinheiro para a Funai e esta repassaria para os índios.
Para os indígenas da aldeia Halataikwa, as reivindicações vão além do repasse de dinheiro. Eles temem que o impacto ambiental das obras no rio Juruena prejudique a pesca. "Eles comem basicamente peixes, mandioca, batata e bastante mel. As águas já começaram a ficar turvas, eles sabem que a mudança os afetará", relatou o administrador regional da Funai em Juína, Antônio Carlos Ferreira de Aquino.
PIB:Oeste do Mato Grosso
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- TI Enawenê Nawê
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