Como todo ano, no dia 8 de março de 2008, Dia Internacional da Mulher, haverá manifestações nas ruas, festas, debates e conferências em todo o mundo. Na Bahia, Salvador abrigará um acampamento com mais de 1,5 mil mulheres. São trabalhadoras sem-terra, indígenas e milhares de outras ativistas femininas que se juntam às manifestantes da cidade para coalhar as ruas com seus apelos.
No total, oito mil mulheres se reúnem pela oitava vez numa festa-manifestação que se espalhará pela capital baiana, em campanha pelo fim da violência contra a mulher, pela soberania alimentar e contra o agronegócio.
Pataxó-Hã-Hã-Hãe
Entre as que têm muito para falar, as lideranças Pataxó- Hã-Hã-Hãe também garantem presença no evento em Salvador. Elas vão lembrar a todos que esperam há 25 anos uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o processo de retomada da terra indígena, dividida entre grandes fazendeiros. Com faixas de protesto, devem ainda falar dos projetos de agricultura orgânica desenvolvidos na comunidade.
Entre as lideranças Pataxó que estarão na Bahia, um grupo mantém um projeto de uma confecção. Há 15 anos essas mulheres se juntam para costurar roupas e sonhos e, enquanto pedalam as máquinas e vestem a comunidade, discutem formas de apoiar a batalha pela reconquista da área invadida.
Retomada
Após muitas reocupações, expulsões de invasores e brigas na Justiça, os Pataxó-Hã-Hã-Hãe conseguiram retomar quase um terço das terras invadidas. Em 1926, quando foi demarcada pela primeira vez, a área tinha 300 mil hectares.
Há 70 anos, a área foi reduzida para 54 mil hectares. Depois disso, não parou de ser ameaçada e dilapidada por mais de 60 fazendeiros.
Seis etnias se aglutinam na região, após um longo processo de retomada, a partir de 1982. Além dos Pataxó-Hã-Hã-Hãe há os Camacã, os Baena, os Kariri-Sapuya, os Tupinambá e os Gueren. Essas comunidades já enfrentaram massacres, incêndios, abusos e ameaças constantes, mas não desistem.
A 150 quilômetros da Costa do Descobrimento, no final do Bioma Atlântico, sul da Bahia, a reserva indígena está na fronteira do semi-árido. A área é de cerros e o clima é bom e fresco. Mesmo sem um calor abrasante, arde na disputa, enquanto o processo de nulidade dos títulos a fazendeiros se congela.
Galdino Pataxó
Um dos abusos mais conhecidos contra os Pataxó-Hã-Hã-Hãe, que ganhou as manchetes do mundo há dez anos, foi o incêndio contra Galdino.
Esse representante da comunidade estava em Brasília, numa das tantas viagens que fez para pedir a Justiça que acelerasse o processo de retomada das terras.
Galdino tinha perdido o último ônibus e dormiu no ponto, mas acabou como alvo de uma "brincadeira" de garotos mimados. Gasolina, fogo... Galdino Pataxó-Hã-Hã-Hãe está enterrado na Aldeia Caramuru e sempre será lembrado por seus parentes. Sua lembrança também estará percorrendo as ruas do Pelourinho nesse 8 de março.
PIB:Leste
Áreas Protegidas Relacionadas
- TI Caramuru / Paraguassu
- TI Fazenda Bahiana (Nova Vida)
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.