Tuxaua Wai-Wai reclama de abandono, mas médico contesta

Folha de Boa Vista - www.folhabv.com.br - 10/09/2008
O tuxaua da comunidade Shari, Zacarias Wai-Wai, localizada no Município de São João da Baliza, procurou a Folha para reclamar das autoridades de proteção a saúde indígena. Ele disse estar abandonado desde que chegou a Boa Vista na sexta-feira, para acompanhar sua mulher que veio dar à luz na Maternidade Infantil Nossa Senhora de Nazaré.

Segundo ele, como a mulher dele entrou em trabalho de parto antes da hora, ele não teve tempo de trazer roupa nem rede para dormir na cidade. Está se alimentando de marmitas cedidas pela unidade de saúde e dormindo na praça em frente da maternidade.

Ele alega que quer ficar perto de sua mulher, uma vez que ela não fala português. Também por ela não ter prazo para deixar a maternidade, já que a criança nasceu prematura e inspira cuidados médicos.

Zacarias Wai-Wai disse que procurou na segunda-feira o coordenador do convênio CIR/Funasa, o médico Paulo Daniel, em busca de ajuda financeira. O médico, por sua vez, solicitou informações do departamento financeiro da entidade e foi informado que não há recurso para ajuda de custo.

"Isso me enraivou. Para que há coordenador para atender indígena se ele não ajuda? Eles têm recurso para colocar combustível em avião, buscar indígena na comunidade, por que não têm dinheiro para me ajudar? Tem que dar dinheiro para o índio que está sofrendo na rua", protestou o tuxaua.

OUTRO LADO - Em resposta as críticas feitas pelo líder indígena Wai-Wai, o médico Paulo Daniel falou que tanto o CIR quanto a Funasa não dispõem de recursos financeiros para doar ao indígena.

A responsabilidade do CIR é de providenciar a remoção do índio de sua comunidade até Boa Vista para tratamento de saúde e de fazer o atendimento na própria comunidade. Quando o paciente indígena fica na unidade de saúde, o índio acompanhante é hospedado na Casa de Saúde do Índio (Casai) pertencente a Funasa, onde ele recebe alimentação e tem transporte disponível para sua locomoção.

No caso de Zacarias Wai-Wai, o médico disse que ele veio a Capital em uma ambulância da Secretaria de Saúde de São João da Baliza. E que quando foi procurado informou sobre a indisponibilidade de recursos financeiros para sua manutenção. Entretanto, deu a ele dinheiro de seu próprio bolso e se ofereceu para levá-lo até a Casai.

"Expliquei a ele que nossa prerrogativa é oferecer atendimento a saúde na comunidade e não dar dinheiro ao índio em Boa Vista. Também me ofereci para levá-lo até a Casai e dei dinheiro meu a ele. Ainda a dois quarteirões da maternidade existe a Missão Evangélica da Amazônia que abriga os Wai-Wai. Se ele está dormindo na rua é porque ele quer", disse Paulo Daniel.
PIB:Roraima/Lavrado

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