Nota de esclarecimento: marcha de Brasnorte

Coiab - www.coiab.com.br - 29/10/2008
A COIAB vem por meio desta, manifestar-se publicamente sobre matéria televisiva exibida pelo Grupo Bandeirantes, com declarações feitas pela liderança Xavante, Domingos Mahoro’eiõ, da Terra Indígena Sangradouro, município de General Carneiro (MT). Entrevista feita com o ex-cacique foi usada de forma distorcida, pois, apesar de expressar o posicionamento do Xavante relativo à situação referente ao seu povo - especificamente da Terra Indígena Sangradouro - foi editada de forma a parecer que o Sr. Domingos se referia a problemática da questão territorial dos povos indígenas brasileiros de modo geral, e representasse a voz destes em sua totalidade.

A referida matéria diz respeito à marcha organizada pelo governo do Estado do Mato Grosso, no dia 8 de outubro de 2008, no município de Brasnorte (MT), com o objetivo de protestar contra a ampliação da Reserva Indígena Iranche-Manóki. Convidado para participar da manifestação, o Sr. Domingos compareceu ao evento, quando foi questionado por repórter sobre sua opinião a respeito da ampliação da Terra Indígena do município do Mato Grosso. De acordo com a liderança, em sua entrevista, ele refletiu a opinião dos 24 caciques da Terra Indígena Sangradouro, ou seja, afirmou que: a prioridade naquele momento para as 34 aldeias indígenas da TI de Sangradouro não seria a ampliação de terras; mas sim, o incentivo ao desenvolvimento de projetos de autosustentabilidade, já que as comunidades sofrem com falta de alimentos, desnutrição e pobreza.

Isto não quer dizer, no entanto, que a liderança seja contra a ampliação de terras indígenas; mas, naquele momento, este assunto não estava em pauta. Atualmente, a população Xavante, nas oito terras indígenas do Mato Grosso, totaliza aproximadamente 18 mil pessoas. A estimativa é que na próxima década esse número chegue a 20 mil, previsão que leva os Xavante do Mato Grosso a reivindicarem a ampliação de cinco terras indígenas no Estado. Além disto, a etnia almeja que a TI Marãiwatsede seja demarcada.

De forma maliciosa e sem respeitar os princípios da ética jornalística, o Grupo Bandeirantes utilizou indevidamente a fala da liderança e editou matéria de forma a parecer que a declaração do Sr. Domingos referia-se à questão territorial dos povos indígenas como um todo. De acordo com Sr. Domingos, os povos indígenas do Mato Grosso apóiam a luta legítima dos seus parentes relativa a reconquista das terras das quais foram os primeiros habitantes. De fato, o Grupo Bandeirantes utilizou levianamente às declarações da liderança, na ardilosa tentativa de mostrar que os próprios povos indígenas são contrários à ampliação ou demarcação de terras indígenas no país.

A manipulação desonesta das informações demonstra o desespero de segmentos da sociedade, associados a certos veículos da mídia nacional, de impedir o inevitável: o cumprimento das leis escritas na Constituição Federal do Brasil. Em sua luta para evitar que a justiça se cumpra, permitindo que os povos indígenas possam usufruir da posse das terras que lhe pertencem por direito, eles apelam para mentiras ou meias verdades, de forma a confundir a opinião pública. A mentira é a arma que resta a este segmento que declarou guerra aos povos indígenas brasileiros, já que não possuem instrumentos legais para alcançar seus gananciosos objetivos.

A COIAB e suas organizações indígenas da Amazônia Legal reiteram seu apoio à luta dos povos indígenas em favor de suas terras.

Coordenação da COIAB

Manaus, Amazonas

28 de outubro de 2008
PIB:Leste do Mato Grosso

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