Funai tenta resgatar reféns de indígenas

CB, Brasil, p. 8 - 23/03/2009
Funai tenta resgatar reféns de indígenas

Um representante da coordenação de patrimônio e meio ambiente da Fundação Nacional do Índio (Funai) é esperado hoje em São Jerônimo da Serra, a cerca de 350km de Curitiba, no norte do Paraná, para tentar resolver o impasse criado a partir da retenção de três reféns pelos índios da Reserva Barão de Antonina. Os indígenas cobram uma indenização pelo uso das terras pela Companhia Paranaense de Energia (Copel). As linhas de transmissão, instaladas em 1967, cortam a reserva por cerca de 10km.

Na manhã de quinta-feira, os índios detiveram os irmãos Valmiron Torres Quintanilha, 30 anos, e José Almir Torres Quintanilha, 28, funcionários de uma empresa terceirizada da Copel, que tinham ido à aldeia fazer o trabalho rotineiro de vistoria da linha. No dia seguinte, o antropólogo Alexandre Húngaro da Silva, empregado da Copel, foi ao local tentar a liberação dos dois reféns e acabou impedido de sair. As negociações para a liberação passaram a ser feitas pelo administrador em exercício da Funai em Londrina, Marcos da Silva Cavalheiro, com quem não foi encontrado pela reportagem ontem.

De um telefone público colocado na aldeia, um índio que se identificou como Izail Nunes de Paula disse que os reféns estavam tranquilos. "Os três continuam aqui e está tudo certo", afirmou. Segundo ele, um "rapaz da Funai" esteve na reserva conversando com as lideranças, mas não comentou se houve algum acerto sobre a liberação dos reféns.Ele também disse que somente os representantes da Funai tinham permissão de entrar na aldeia. "Os repórteres, não", decretou.

Angústia
Enquanto o impasse não se resolve do lado de dentro da aldeia, na parte de fora, os familiares dos dois irmãos mantidos como reféns vivem a angústia da incerteza. "Não estou nada bem, mas fazer o quê?" disse a mulher de Valmiron, Lúcia, ouvida por telefone. "É muito constrangedora uma situação dessas." Segundo ela, os irmãos telefonaram na quinta-feira e no sábado. "Ontem, ligaram tranquilizando, disseram que está tudo bem, mas a gente não sabe se realmente estão bem ou não", comentou. "Estavam mais tranquilos, mais seguros do que no primeiro dia, e mostram esperanças de sair logo." Lúcia disse que o casal tem duas filhas, de 6 e 9 anos. "Elas estão conformadas, mas a gente fala para elas que é outra situação, que o pai está trabalhando e não pode vir agora", destacou. "Deus ajude que dê tudo certo."

Os índios decidiram tomar os reféns depois que uma reunião agendada para o dia 18, quando seria discutida a questão da indenização, foi desmarcada sem que eles tivessem sido comunicados.

CB, 23/03/2009, Brasil, p. 8
PIB:Sul

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