Índios acusam fazendeiros em MS

O Globo, O País, p. 11 - 16/09/2009
Índios acusam fazendeiros em MS
MPF pede que denúncias sobre destruição de barracos sejam investigadas

Paulo Yafusso Especial para O Globo

Índios guarani-caiuá denunciaram que seguranças contratados por fazendeiros de Mato Grosso do Sul queimaram barracos que suas famílias ocupavam até o último dia 11. As moradias haviam sido erguidas há quase um ano dentro da Fazenda Santo Antonio de Monte Esperança, na época em que parte da propriedade fora invadida pelos índios. Eles deixaram o local por determinação judicial e passaram a viver em barracos de lona preta à beira da rodovia BR-163, a 12 quilômetros da entrada da cidade de Rio Brilhante, em frente à fazenda.

Ninguém ficou ferido.

O Ministério Público Federal de Dourados (MS) vai pedir à Polícia Federal para apurar as denúncias. Marco Antonio Delfino de Almeida, o procurador da República que cuida das questões indígenas na região, disse que acionou a Polícia Rodoviária Federal ao saber que havia risco de confronto. Ontem, foi informado de que os seguranças dos fazendeiros queimaram os 35 barracos que os índios ocupavam na fazenda.

- A informação foi confirmada pela Funai e já comuniquei ao juiz. Vamos solicitar que a PF investigue, já que temos fotografias dos locais onde os índios estavam morando quando deixaram a propriedade - disse o procurador.

Mário Cerveira, um dos donos da fazenda, disse que ele e os seis irmãos estão fazendo a limpeza da área ocupada pelos índios, e que o lixo recolhido está mesmo sendo queimado.

- São restos de madeira, plásticos e a sujeira. Como fomos reintegrados à área, estamos zelando pelo que é nosso, pela área de preservação que existe há 30 anos - afirmou.

Policiais permanecem na área durante a madrugada
O inspetor Moraes, da PRF de Nova Alvorada do Sul, cidade vizinha a Rio Brilhante, disse que uma equipe permaneceu na área durante a madrugada de ontem, mas que não houve clima de animosidade. O inspetor disse não ter como confirmar se os barracos foram queimados.

Os policiais não podem entrar na fazenda sem autorização.

O coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) em Mato Grosso do Sul, Egon Heck, afirmou que, quando os índios deixaram pacificamente a área que eles denominam de aldeia Laranjeira Ñanderu, ficou acertado que o MP e a PF solicitariam aos fazendeiros que permitissem que eles pegassem as madeiras e o sapê. Mas antes que isso fosse feito, os fazendeiros destruíram as moradias e tudo que tinha dentro.

O Globo, 16/09/2009, O País, p. 11
PIB:Mato Grosso do Sul

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