Índios querem ampliar aldeias de 13,7 mil para 88 mil ha

Os índios da etnia Terena, que bloquearam duas rodovias federais por quase nove horas nesta terça-feira, lutam para ampliar em 542% quatro reservas em Mato Grosso do Sul. Eles querem a demarcação de 88 mil hectares, contra a área atual de 13,7 mil, segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio).

Segundo o chefe da Assistência ao Índio da administração regional em Campo Grande, Jorge Antônio Neves, somente um dos quatro processos está bem adiantado em fase de conclusão.

Por coincidência é a menor área. A Funai pagou a indenização a maior parte dos proprietários para ampliar a Aldeia Limão Verde, em Aquidauana, a 138 quilômetros da Capital, de 1,5 mil para 6 mil hectares. Só faltam o pagamento de duas fazendas para concluir o processo de demarcação.

Justiça - No caso do protesto de hoje, de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, o andamento do processo demarcatório depende do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), que está julgando o conflito entre a Funai e os 28 produtores rurais.

O órgão federal fez estudos para ampliar a área de 2,2 mil hectares, onde vivem 4 mil índios, para 17 mil hectares, segundo Neves. O Ministério da Justiça não assinou a portaria declaratória porque espera a solução do impasse judicial.

Devagar - Já o processo de ampliação da reserva Taunay Ipegue, que engloba sete aldeias, parou no Ministério da Justiça. O Governo federal não assinou a portaria declaratória de área indígena, que poderia ampliara reserva de 6 mil para 33 mil hectares.

Para beneficiar os 5 mil índios, o Governo precisa indenizar 30 proprietários rurais e ainda acabará com o distrito de Taunay, criado há cerca de 80 anos. A vila já recebeu até a visita do presidente da República no início do século passado, Getúlio Vargas.

Impasse - Já a disputa entre os índios e os produtores rurais travou o processo de ampliação da Aldeia Cachoerinha, em Miranda, a 205 quilômetros de Campo Grande. A Funai quer ampliar a área de 4 mil para 32 mil hectares.

No entanto, a conclusão da demarcação depende de recursos para indenizar os 38 proprietários rurais que serão obrigados a deixar seus imóveis para os índios.

Para exigir aceleração no processo de demarcação, os índios bloquearam as rodovias federais BR-163, entre Campo Grande e Jaraguari, e BR-262, entre a Capital e Miranda. O bloqueio durou mais de sete horas e causou congestionamento de aproximadamente 12 quilômetros.

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