Para tio, índio de 15 anos foi morto em briga por terra

Campo Grande News - http://www.campogrande.news.com.br - 16/11/2009
Tio do adolescente Osmair Martins Ximenes, que morreu após ser espancado, o guarani-caiuá Ismarte Martins acredita que o sobrinho tenha sido mais uma vítima do conflito por terra em Mato Grosso do Sul.

O adolescente de 15 anos pertencia ao grupo de indígenas que há 20 dias ocupou uma propriedade rural em Coronel Sapucaia, próximo à fazenda Madama. Cerca de 300 índios saíram de um acampamento às margens da MS-289, onde estavam há quatro anos, e voltaram para o local que denominam como terra indígena Kurussu Amba. A área está em litígio. "Ele também veio reivindicar essa terra. Era jovem e tinha muita vida pela frente", lamenta.

O tio do adolescente relata que o rapaz foi ontem à noite à aldeia Taquapery, a 6 km do acampamento. "Ele foi pegar uma roupas e abastecer o celular", recorda. O corpo do rapaz foi encontrado na manhã de hoje, próximo à escola da aldeia. Ele apresentava várias marcas de agressão, indícios de espancamento.

Ismarte conta que à noite percebeu a presença de um carro estranho. "O carro ficou pouco tempo perto da escola e saiu correndo em direção à BR". O corpo foi levado para o IML (Instituto Médico Legal) de Ponta Porã. O adolescente deve ser sepultado amanhã, na aldeia Taquapery.

Conflito - Desde a ocupação, o clima é de tensão. Ismarte Martins, um dos líderes do grupo, conta que é comum a presença de homens armados. "É ameaça de tudo quanto é lado. Na primeira noite, os pistoleiros atiraram o tempo todo. Depois, a Polícia Federal veio e conversou com os fazendeiros, chacreiros".

Segundo ele, a visita da PF também permitiu que os indígenas utilizassem a estrada. "A polícia disse que era pública". Ontem, uma comissão de indígenas foi ao MPF (Ministério Público Federal) de Ponta Porã para pedir que a Funai (Fundação Nacional do Índio) e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) normalizassem a entrega de medicamentos e alimentos para os acampados.

Passado - A região tem histórico violento. Em 2007, a índia Julite Lopes, 70 anos, foi morta a tiros por seguranças particulares durante desocupação da área.

O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) denuncia também que outros índios do acampamento foram assassinados nos últimos anos sem que os culpados tenham sido identificados. Em julho de 2007 foi assassinado um dos líderes do acampamento, Ortiz Lopes. Em maio de 2009, Osvaldo Lopes também foi morto.

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PIB:Mato Grosso do Sul

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