Sumiço de professor índio completa 100 dias sem resposta

Campo Grande News - http://www.campogrande.news.com.br/canais/view/?canal=8&id=282012 - 10/02/2010
O desaparecimento do professor indígena guarani Rolindo Vera, da aldeia Pirajuí, em Paranhos, município que fica a 472 quilômetros de Campo Grande, ocorrido no dia 31 de outubro do ano passado, completou cem dias sem respostas.

Amigo do indígena, o professor universitário Francisco Vanderlei Ferreira da Costa, de 35 anos, conta que a família está desolada e não se conforma com o descaso em relação ao desaparecimento dele.

"A gente não está vendo nenhum movimento que ajude a encontrar", reclama. Francisco era professor de Rolindo em um curso de magistério oferecido pelo Governo Federal nas aldeias. Além de aluno, o indígena era professor na região.

Para o amigo, os trabalhos na tentativa de localizá-lo refletem uma situação recorrente no Estado que é a postura de tratar os indígenas como "cidadãos de segunda classe".

"Esse assunto precisa ser discutido com a sociedade civil organizada", diz. Ele conta que apesar de não ter notícias do professor, a família reza por ele todos os dias na esperança de que o encontrem com vida.

Direitos - Coordenador regional do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Egon Heck, revela a preocupação da entidade com a falta de repostas acerca do caso.

Ele reclama tanto da ausência de informações sobre a autoria do crime, quanto da falta de buscas na tentativa de localizar Rolindo.

Segundo ele, do ponto de vista dos direitos humanos e da Justiça, a falta de informações sobre o assunto é uma questão gravíssima. "Deverá o quanto antes o estado e a Justiça brasileira buscarem a verdade sobre essa violência e os caminhos de reparar minimamente o sofrimento e a grande perda que teve o povo Guarani", avalia.

Para ele, a violência cometida contra os índios foi uma forma de reprimir e tentar impedir o direito do povo. Rolindo e o primo Genivaldo Vera desapareceram após um confronto com seguranças da fazenda São Luís, a 50 km da aldeia e 15 km da cidade.

O corpo de Genivaldo foi localizado no dia 7 de novembro, em um córrego distante 30 km de Paranhos. Rolindo ainda não foi localizado.

Após o sumiço, a deputada federal Iriny Lopes (PT/ES) esteve na Superintendência da Polícia Federal em Campo Grande para saber do andamento das investigações.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, ela informou que pediria a intervenção da Câmara no assunto.

A equipe de reportagem entrou em contato com a deputada para saber se a Câmara acompanha as investigações. A assessoria de imprensa dela ficou de dar reposta sobre o assunto, mas não retornou até a divulgação desta matéria.

Investigação - O corpo de Genivaldo foi encontrado pela Polícia Civil de Paranhos, que teve que encaminhar o caso à Polícia Federal por se tratar de um crime que envolve o povo indígena.

As investigações sobre o caso são feitas pela Polícia Federal de Naviraí, município que fica a 370 quilômetros de Campo Grande.

O delegado responsável pelo caso não foi localizado nesta tarde para informar o andamento das investigações, porque estava em oitiva.
PIB:Mato Grosso do Sul

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