Há quem duvide, mas tenho sangue indígena'

Um dia depois de o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ter admitido que o governo pode não homologar a área indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, o assessor especial da Presidência Frei Betto, um dos melhores amigos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu em seu gabinete um dos caciques da reserva, Orlando Macuxi Pereira da Silva, e a primeira advogada indígena do país, Joênia Wapichana.

Preocupado em não interferir em assuntos fora da sua área de atuação, Frei Betto garantiu que sua posição sobre a reserva será a mesma do governo. Mas ele não escondeu sua simpatia pela homologação da reserva, que ocupa 1,6 milhão de hectares. A homologação é contestada pelo governador de Roraima, Flamarion Portela, que recentemente se filiou ao PT e tem feito pressões contra os índios.

Frei Betto pretende encaminhar os relatórios e argumentos apresentados pelo cacique Orlando Macuxi e a advogada Joênia, em favor da homologação da área, ao presidente e ao ministro da Justiça.

- É inegável que sempre fui ligado aos temas indígenas. Tem gente que duvida, mas eu tenho sangue indígena. Minha avó metralha - como eu costumo chamá-la - era do Ceará e se chamava Sucupira de Alencar Araripe - revelou.

Joênia contestou, por exemplo, dados apresentados pelo governador em favor da redução da reserva. Baseado em informações da Associação Brasileira de Antropólogos (ABA), o governador tem argumentado que cada índio não precisa de uma área superior a doze hectares. Na reserva vivem 15 mil índios espalhados por 161 aldeias.

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