Dois ônibus da viação Expresso Aracruz foram incendiados por índios na noite de sexta-feira, no município de Aracruz, no Norte do Espírito Santo (ES), durante protesto contra a morte de uma jovem de 20 anos, atropelada por um veículo da empresa na noite desta sexta. Os coletivos de transporte de passageiros ficaram completamente destruídos. Ninguém ficou ferido.
As chamas chegaram a quase 7 m de altura, mas foram combatidas por um carro-pipa. A Polícia Militar também foi acionada. O motorista do ônibus, muito abalado, se apresentou à polícia e depois precisou ser hospitalizado.
O incêndio foi um protesto dos índios da aldeia Caieiras Velha, que fica às margens da Rodovia Primo Bitti, em Aracruz, pela morte da índia Damiane Santos Souza, 20 anos. Ela foi atropelada no início da noite na Rodovia Primo Bitti, que liga as aldeias indígenas do município à localidade de Coqueiral de Aracruz. Revoltados, os índios resolveram bloquear a pista e iniciaram a manifestação.
O cacique da tribo tupiniquim, José Setenando, garantiu que o objetivo não era incendiar os veículos. "Tenho certeza que ninguém começou o protesto pensando em colocar fogo nos ônibus. Os índios pensaram que o motorista fugiu, não prestou socorro e o ônibus foi retirado do local antes de fazer a ocorrência. Então, tudo aconteceu por causa de uma revolta familiar", disse.
Segundo os índios, a jovem morta estaria na aldeia jogando bola e foi para casa de bicicleta, na noite de sexta, e teria sido atropelada por um ônibus em alta velocidade quando subiu o morro.
Um representante da Fundação Nacional do Índio (Funai), Francisco Rocha, esteve no local e não aprovou o modo como o protesto foi feito. No entanto, afirmou que uma ciclovia entre as aldeias de Aracruz precisa ser construída.
"Os indígenas são obrigados a disputar o asfalto com os carros. É uma situação de risco todos os dias, seja a pé ou de bicicleta. Essa é uma tragédia anunciada. Mesmo assim não culpo ninguém, foi uma fatalidade", afirmou o coordenador técnico da Funai.
A pista só foi liberada no início da madrugada deste sábado. Foi necessário um caminhão guincho para retirar o ônibus do meio da pista.
A assessoria de imprensa da empresa de ônibus Expresso Aracruz informou que no local não há acostamento e estava muito escuro no momento do acidente. Disse ainda que o motorista, que trabalha na empresa há muito tempo e nunca se envolveu em acidentes graves, não fugiu do local e solicitou o socorro para a jovem.
A Expresso Aracruz disse ainda que a empresa sempre teve um ótimo relacionamento com as comunidades locais e que não responsabilizará as tribos por conta da atitude de algumas pessoas. Além disso, a empresa afirmou que irá prestar toda a assistência necessária à família da jovem.
O prejuízo foi de R$ 600 mil, de acordo com a viação de ônibus, que disponibilizará outros dois ônibus para que os parentes compareçam ao velório da vítima, que será realizado durante a tarde.
O Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Espírito Santo (DER-ES) afirmou em nota que o projeto recebido da prefeitura "não contemplava a construção de faixas de múltiplo uso nas laterais da via", e que instalou cinco quebra-molas no trecho para evitar acidentes por excesso de velocidade.
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4421084-EI306,00-ES+indios+queimam+onibus+em+protesto+contra+atropelamento.html
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