Um grupo de caciques e lideranças de seis comunidades indígenas da região de Bauru fizeram ontem um protesto em frente do Núcleo de Apoio Operacional contra o decreto do presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Márcio Meira, que cortou cargos nas Coordenações Técnicas Locais (CTLs). Para os índios, a medida afeta as comunidades do Sudoeste e Oeste do Estado.
No protesto os indígenas queimaram um boneco de pano com boné com a inscrição PT que representou o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o outro o presidente da Funai, Márcio Meira. Antes de ater álcool e fogo eles atiraram uma flecha em cada um dos bonecos. "Isso é para protestar contra o descaso com a comunidade indígena", declarou Paulo Paikan.
O decreto 7.056/09 extingue as CTLs da região Sudeste do Estado de São Paulo. A reportagem não conseguiu ontem ouvir a direção da Funai. A mudança teria partido de critérios de população indígenas, vulnerabilidade social e identidade étnica.
Representantes e lideranças das comunidades de Araribá, Icatu, Vanuíre, Barão de Antonina, Itaporanga e Braúna discordam da direção da Funai em Brasília.
A medida também transfere coordenadores para regional do Litoral/Sudeste/ Itanhaém. "Houve um abuso de poder nesta medida que fere a busca de autonomia e dignidade dos grupos indígenas envolvidos", disse o coordenador da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (Arpinsudeste), cacique Mário Terena. A reportagem apurou que dois dos quatro cargos de coordenadores da região foram transferidos para o litoral. Ele reclama que não houve consulta à comunidade indígena.
O antropólogo Cláudio Eduardo Badaró disse que cada vez mais a Funai está se "burocratizando". Ele disse que as coordenadorias técnicas são importantes na interlocução entre os indígenas e a comunidade desde elaboração de projetos até o resgate das tradições culturais.
A Núcleo da Funai de Bauru enfrenta esvaziamento nos últimos anos com constantes mudanças e reduções na estrutura administrativa.
Em 23 de julho do ano passado, indígenas de três tribos de Avaí ocuparam o prédio da administração da Funai para protestar contra a portaria que fechou a regional de Bauru e a transformaria em Núcleo. Funcionários foram mantidos dentro do prédio e liberados depois de dois dias, após ser acionada a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF).
A Funai, então, indicou um indígena para dirigir o atual Núcleo de Apoio, cacique Anildo Lulu, mas transferiu parte dos funcionários para Itanhaém, no litoral.
http://www.jcnet.com.br/detalhe_regional.php?codigo=184068
PIB:Sul
Áreas Protegidas Relacionadas
- TI Araribá
- TI Barão de Antonina I
- TI Icatu
- TI Vanuire
As notícias publicadas neste site são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.