A chuva dos últimos dois dias conseguiu controlar o fogo que durava mais de 30 dias em Rondônia, entretanto agosto ficou marcado como o mês das queimadas. Do dia primeiro até ontem foram registradas 14.056 focos de queima em todo Estado, segundo os dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O número representa um aumento de 1.386% comparado com o mesmo período do ano anterior, que contabilizou 946 focos.
Rondônia foi o quinto estado que mais queimou em agosto, ficando atrás de Mato Grosso, grande campeão de queimadas com 64.144 focos, Pará com 62.777, Tocantins com 32.138 e Maranhão com 14.234 focos. No ano passado, o Estado era o 13 em número de queimadas no país.
No ranking geral Porto Velho teve no mês passado 3.466 focos de queimadas, seguido de Vilhena com 1.507, Cujubim com 1.064, Candeias do Jamari com 805 e Buritis com 705. No ano passado, no mesmo mês Porto Velho contabilizava 278 focos, Vilhena 57, Cujubim 64, Candeias do Jamari 18 e Buritis 66.
A situação ficou crítica também nas Unidades de Conservação de Rondônia que registraram 1.625 focos de queimadas durante o mês passado. Em 2009 foram encontradas pelos satélites do Inpe 173 focos de queima. Um aumento de 840% nas queimadas. Na Floresta Nacional do Bom Futuro foram encontrados 572 focos, na Reserva Extrativista de Jaci-Paraná 324 focos e 215 focos no Parque Nacional Pacaás Novos.
As Terras Indígenas também registraram altas no número de queimadas. De apenas 19 no ano passado em todo agosto pulou para 179 focos em 2010, no mesmo mês. O aumento chega a 843%. As áreas que mais registraram queimadas foram Tubarão/Latundê com 70 focos, Kwazá Rio São Pedro com 36 focos e Karipuna com 32 focos.
Ontem, com a ocorrência de chuva, Rondônia registrou cinco focos de queima. Três na Capital, um em Santa Luzia e outro em Vilhena. No dia 30 foram registradas 236 focos, desses 54 foram em Porto Velho, 42 em Nova Mamoré, 26 em Ji-Paraná, 22 em Costa Marques, 14 em Machadinho e 10 em Cujubim.
Operação Labareda
O Comitê Estadual de Prevenção e Combate às Queimadas e Incêndios Florestais se reuniu ontem no gabinete do Corpo de Bombeiro para divulgar o relatório de trabalho da Operação Labareda em conjunto com Defesa Civil, Ibama, Sedam, Idaron, Arom, Instituto Chico Mendes, Marinha, Exército, Batalhão Ambiental, e outras entidades.
O objetivo da operação foi conter a onda de incêndios propagados em vários pontos do território. Cujubim, União Bandeirantes, Machadinho do Oeste, Nova Mamoré, e Flona Jamari são os lugares que mais sofrem com a seca, e os focos de fogo. Outros pontos críticos aonde houve ação foi em Vilhena e na região de Cerejeiras
Segundo o chefe da Casa Civil, Guilherme Erse, a operação cumpriu o plano de reduzir os focos. "A nossa operação de guerra foi um sucesso nesses quase 15 dias, conseguimos reduzir as queimadas e preservar nossas Unidades de Conservação". "Mas este foi apenas uma etapa dessa batalha o mês de setembro ficaremos em alerta para que não batamos os recordes de queimadas novamente", completou.
De acordo com superintendente do Ibama, César Guimarães os maiores focos de incêndios foram controlados. "Os brigadistas envolvidos, mais de 150, tiveram um papel importante nessa luta contra o fogo. O apoio de todos os órgãos ambientais também foi importante para conseguirmos salvar nossas Unidades de Conservações das queimadas. Com esse trabalho foi possível perceber até uma melhoria na qualidade do ar em Porto Velho", afirmou o superintendente.
O comandante geral do Corpo de Bombeiros e presidente do Comitê Estadual de Combate a Incêndio, coronel Ronaldo Nunes Pereira, disse que o Corpo de Bombeiro ficará em alerta para os novos focos de queimadas que podem acontecer em setembro. "Estaremos monitorando dia-a-dia a situação do nosso Estado, a operação ainda não acabou e deve durar todo este mês",disse.
Coronel Nunes contou ainda que em agosto os Bombeiros atendiam diariamente de cinco a seis focos de incêndios urbanos na Capital. "Tivemos muito trabalho, pois a cidade estava em chamas, eram pequenas e grandes queimadas em diversas regiões da cidade. A população ajudou bastante, pois todas as denúncias de queimadas eram reais e não trotes", relatou.
Setembro
A chuva, de acordo com a Divisão de Meteorologia do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), foi reflexo da convecção causada pela junção de aumento de umidade do ar e das altas temperaturas.
Isso aconteceu devido aos ventos terem começado a vir do Norte desde o final da última semana, aumentando a umidade mínima, que estava em torno de 30%, para até 45% no Norte e Noroeste de Rondônia.
Até hoje, o tempo irá variar de claro a parcialmente nublado, com previsão de pancadas de chuva e trovoadas em áreas isoladas em toda a faixa norte e oeste do estado, que inclui cidades como Porto Velho, Ariquemes, Machadinho do Oeste, Nova Mamoré, Guajará-Mirim e Costa Marques. Se os fatores climáticos continuarem iguais, ainda haverá possibilidade de chuva também para a quinta-feira.
Embora amenizem o tempo seco e a ocorrência de queimadas, o atual aumento de umidade e a ocorrência de chuvas isoladas ainda não significam a chegada da estação chuvosa. Segundo José Carvalho, chefe da Divisão de Meteorologia, a previsão climatológica ainda indica atraso na chegada das chuvas nesse ano. "Somente no final de setembro perceberemos o aumento gradual das chuvas, por enquanto, a umidade ainda voltará a cair nos próximos dias", explica.
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