Índios Ikpeng inauguram Casa de Cultura

Gazeta Digital (MT)- http://www.gazetadigital.com.br/ - 07/12/2010
O Parque do Xingu, na região nordeste do Estado, estará em festa nos dias 10 e 11 de dezembro. Nesse período a comunidade indígena Ikpeng inaugura sua Casa de Cultura, chamada Mawo, e faz uma grande celebração com apresentações rituais na aldeia Moygu. As ações fazem parte de um projeto desenvolvido entre a associação Ikpeng e o Instituto Catitu - Aldeia em Cena, com apoio do Programa Demonstrativo dos Povos Indígenas e da Embaixada da Noruega.

A iniciativa é um importante passo no trabalho de preservação da identidade dos índios Ikpeng. De acordo com o Catitu, o povo vive no Parque Indígena do Xingu desde 1967. O primeiro contato oficial entre eles e a sociedade não-indígena ocorreu em 1964. Viviam na época às margens do rio Jatobá, em constantes guerras com alguns povos do Alto Xingu. Por estarem sendo ameaçados por garimpeiros que invadiram seu território e por doenças que contraíram, os sertanistas irmãos Villas Bôas convenceram os 52 índios que restavam do grupo a mudar para o Parque.

Quarenta anos depois, apesar do exílio de sua terra ancestral, os Ikpeng continuam a falar sua própria língua e a celebrar suas festas, mostrando ao mesmo tempo grande poder de adaptação e extraordinária resistência cultural. A luta deles pela retomada do antigo território trouxe à tona discussões relacionadas a sua identidade, origem e história. Demonstram sentir que correm o risco de perder parte de seus valiosos conhecimentos tradicionais com o envelhecimento dos principais conhecedores dos rituais da comunidade e também em função das rápidas mudanças sociais que vêm ocorrendo com o maior contato com a sociedade não-indígena.

Por isso, se mostra tão importante a inauguração do espaço e o desenvolvimento do projeto, que reúne base de dados da memória cultural da etnia, documentário sobre um de seus principais rituais e um CD de cantos. O disco, que traz os cantos do Yumpuno, ritual de iniciação das crianças, será lançado na ocasião, juntamente com o documentário Gravando Som, dirigido pelos cineastas Kamatxi Ikpeng e Karané Ikpeng, com participação de Mari Corrêa, do Instituto Catitu. O filme mostra a transmissão dos saberes tradicionais de geração em geração e retrata o rito de passagem em que as crianças são tatuadas.

Também será apresentado o banco de dados criado originalmente na língua Ikpeng Ukpamtowonpïn (Origem do Mundo), para reunir todo o material histórico sobre o povo, além de filmes, fotos, gravações de áudio, produção de livros e desenhos produzidos por eles mesmos.

O presidente da Associação Indígena Moygu Comunidade Ikpeng, Kumaré Txicão, explica que a Mawo Casa de Cultura Ikpeng é um novo espaço de formação, pesquisa, registro e divulgação da cultura de seu povo. "Através dela queremos garantir o acesso ao nosso patrimônio pelos nossos netos, bisnetos e tataranetos".

O projeto tem por objetivo valorizar os saberes tradicionais ikpeng pelo uso de novas tecnologias e possibilitar novas formas de expressão cultural para a comunidade. Ao criar na aldeia um espaço permanente de formação, pesquisa, registro e produção, os Ikpeng querem garantir, por um lado, a preservação e o acesso de seu patrimônio pelas futuras gerações, e por outro, potencializar a comunicação e o intercâmbio com outros povos e com a sociedade não-indígena. Para atingir seus objetivos o projeto promove a formação de jovens na construção de um site e de um banco de dados, oficinas de vídeo, de áudio e de gestão do projeto de forma a garantir autonomia de funcionamento da Casa de Cultura.

A casa de cultura Mawo, onde serão promovidas oficinas de formação audiovisual e de iniciação digital, foi contemplada pelo Programa Petrobras Cultural. É uma realização da Associação Moygu Comunidade Ikpeng e do Instituto Catitu - Aldeia em Cena, com apoio do Programa Demonstrativo dos Povos Indígenas e da Embaixada da Noruega.

O Instituto Catitu Aldeia em Cena é uma organização sem fins lucrativos. Desde sua criação em 2009, recebe apoio institucional da embaixada, que garante sua estrutura de funcionamento e a equipe fixa, assim como o desenvolvimento e a realização de novos projetos. Conta com a experiência de profissionais com comprovada competência nas áreas em que atuam e que contribuem efetivamente para o aprimoramento das atividades e projetos. (Com Assessoria)

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