Comunidade indígena maioruna está com água contaminada

A Crítica (AM) - http://acritica.uol.com.br/ - 10/01/2011
Pesquisa realizada na comunidade Marajaí, no município de Alvarães (AM), apontou que é alta a incidência de coliformes fecais nos igarapés da aldeia. Desassistidos, indígenas não têm acesso à energia elétrica nem saneamento básico

A falta de energia elétrica que limita o uso do poço artesiano, a ausência de técnicas de armazenamento da água e o fácil acesso de pequenos rebanhos de gado aos igarapés (curso d´água comum na região) são as principais causas da contaminação da água de uma comunidade indígena da etnia maioruna, no município de Alvarães (a 516 quilômetros de Manaus).

O resultado da pesquisa está no projeto "Análise da Qualidade de Água na Terra Indígena Marajaí", coordenada por Sandra Zanotto, do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia e Recursos Naturais da Amazônia - MBT , da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Os estudos foram realizados na comunidade em 2008, junto aos alunos do ensino fundamental. Parte do material coletado durante as três visitas da equipe de Sandra no local está reunida no Núcleo de Imagem, Direito e Meio Ambiente, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Direito Ambiental, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA).

Sandra Zanotto espera que a Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam), que financiou a pesquisa, prorrogue os investimentos da produção do documentário, previsto para ser lançado este ano.

A pesquisa junto à população de Marajaí surgiu a partir de uma demanda surgida na antiga Fundação Estadual de Povos Indígenas (Fepi), substituída pela Secretaria Estadual de Povos Indígenas (Seind).

"Um indígena maioruna e uma antropóloga da Fepi procuraram a gente para que fosse feito um trabalho na comunidade. Nas visitas, constatamos uma situação que já imaginávamos. Contaminação por falta de saneamento e de energia elétrica", disse a pesquisadora.

Conforme Sandra, os três igarapés afluentes do rio Solimões que margeiam a comunidade estão contaminados sobretudo por coliformes fecais e não podem ser utilizados para o banho ou lavagem de roupa ou louça. Como resultado, a maioria dos indígenas é vitimada de doenças como diarreia, verminoses e hepatite

Após as visitas, os pesquisadores deixaram kits de análise microbiológica da água (laboratório de estufa para incubação, lâmpada, retroprojetor, etc) dos igarapés para que os próprios estudantes realizassem o trabalho.

A comunidade indígena Marajaí fica a 15 minutos de lancha de Alvarães. Possui 487 pessoas que vivem do extrativismo da castanha e da mandioca e utilizam-se do rebanho apenas para subsistência. "Eles não têm diesel. Sem a bomba para fazer a extração de água, acabam indo para os igarapés contaminados", disse.


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PIB:Solimões

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