Inpa faz pesquisas em terras indígenas

Folha Web - http://www.folhabv.com.br/ - 03/02/2011
O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) tem investido em pesquisas junto às terras indígenas de Roraima. Os trabalhos pretendem preparar as comunidades para reduzir a pressão sobre os recursos florestais, realizando plantios para o abastecimento de madeira, frutas e outros produtos nas comunidades e mercados locais, além de estimular atividades de gestão comunitária de recursos naturais nas terras indígenas do lavrado.

Os trabalhos realizados permitiram um levantamento de demandas das comunidades, buscando incentivar a auto-gestão e autonomia das comunidades, e trabalhando as ações dentro das atividades de educação ambiental das escolas indígenas.

Há cerca de seis anos, dois projetos intitulados Guyagrofor (Desenvolvimento de sistemas agroflorestais sustentáveis baseados em conhecimentos indígenas e quilombolas na região do Escudo das Guianas) e Agroflorr (Apoio à extensão agroflorestal e agroecologia para comunidades indígenas do Lavrado de Roraima) iniciaram um trabalho de pesquisa participativa junto às comunidades da terra indígena de Araçá, em Amajari.

Em Roraima, o projeto Guyagrofor foi denominado pela população local de "Wazaka'ye" - Estudo de solos, roças e florestas em Roraima. É financiado com recursos da Comunidade Europeia e encerra neste ano sob coordenação da doutora Sonia Alfaia, pesquisadora do Inpa.

Já o projeto Agroflorr encerrou em 2009 e foi coordenado por Robert Miller, do PNUD, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ambos os projetos contaram com a parceria do Conselho Indígena de Roraima (CIR), através do Centro de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol, da Escola Agroambiental do Surumu, que forma técnicos agrícolas indígenas.

A doutora Sonia Alfaia, pesquisadora do Inpa, explicou que Araçá foi escolhida para um dos projetos por representar a situação da maior parte das terras indígena do lavrado, demarcadas em forma de ilha, apresentando pequena dimensão territorial e alta densidade demográfica.

Assim, apesar das práticas tradicionais indígenas serem de baixo impacto ambiental e contribuírem para a conservação do ecossistema, alguns recursos começaram a ficar insuficientes. "Um exemplo dessa escassez é a palha fornecida pelo buriti, principal material utilizado para a cobertura das casas, e a madeira utilizada para as construções indígenas", disse. Ambos recursos são encontrados em formações vegetais típicas do lavrado.

PROFESSORES - Como continuidade desses projetos, no final de 2010 uma nova proposta foi aprovada junto ao CNPq. A Feira de Ciência Indígena busca capacitar professores indígenas em atividades de educação ambiental com enfoque na realidade do ambiente local, por meio de oficinas pedagógicas e feiras de ciência, quando os estudantes indígenas do município do Amajari apresentarão seus trabalhos.

Esse projeto, elaborado pela engenheira florestal Rachel Pinho, com a coordenação de Sonia Alfaia, já está em andamento, e iniciou com a reativação do viveiro regional de mudas da comunidade Mutamba, no último dia 31, quando o Inpa contou com a parceria de estudantes indígenas do Instituto Insikiran da Universidade Federal de Roraima (UFRR).

Ainda em 2010, uma nova proposta foi submetida ao Fundo Amazônia do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), e está em processo de análise para aprovação, intitulada "Implantação de Unidades Demonstrativas de Produção Agroecológica e Apoio ao Etnodesenvolvimento em Comunidades Indígenas do Lavrado de Roraima".

Os trabalhos desses projetos foram iniciados a partir de atividades como diagnóstico dos sistemas de produção, estudos dos quintais agroflorestais, implantação de viveiros de mudas, plantios piloto de sistemas agroflorestais, ensaios com adubação verde nas roças indígenas, caracterização dos solos, dentre outros. (Y.L)


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PIB:Roraima/Lavrado

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